Os gerentes das operações venezuelanas da Kraft Heinz podem ser preso caso seja comprovada “sabotagem”, disse o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na noite de terça-feira na televisão estatal.
A ação mais recente contra uma companhia multinacional na Venezuela ocorre poucos dias antes das eleições legislativas, nas quais o Partido Socialista, de Maduro, deve perder a maioria na Assembleia Nacional pela primeira vez em uma década e meia.
Essa não é a primeira vez que o presidente realiza campanhas contra líderes empresariais e ordena prisões, seguindo os passos do antecessor Hugo Chávez, que expropriou operações de pequenos negócios a multinacionais na Venezuela.
Maduro disse durante um programa televisivo de quatro horas de duração que trabalhadores denunciaram a companhia alimentícia por paralisação “injustificável” das linhas de produção. “Se os gerentes estão cometendo sabotagem, aqui está o chefe da Sabin (serviço de inteligência da Venezuela) e ele irá colocá-los na prisão”, disse Maduro, acrescentando que autoridades iriam visitar fábricas nesta quarta-feira. “Chega da burguesia. Prendam-os”.
A economia é uma das principais preocupações dos eleitores na Venezuela, com inflação considerada na casa dos três dígitos e falta dos bens mais necessários, que levam a longas filas nos mercados.
Críticos veem a retórica antiempresas de Maduro como uma tentativa de angariar apoio antes da eleição de domingo, e dizem que atacar empresas só irá piorar a escassez.
Popularidade de Maduro dá um salto antes de eleição legislativa
A popularidade do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu um salto com a proximidade da crucial eleição legislativa de domingo, mas provavelmente a recuperação não será suficiente para impedir uma vitória da oposição, de acordo com nova sondagem de uma das principais instituições de pesquisa do país.
Em razão do descontentamento da população com uma crise econômica brutal, causada por controles disfuncionais e o desabamento dos preços do petróleo, a oposição tem a sua melhor perspectiva em 16 anos de conquistar a maioria na Assembleia Nacional, agora sob controle dos governistas.
Mas as esperanças dos candidatos do governo ganharam impulso com a revelação de que a popularidade de Maduro saltou mais de 11 pontos, passando a 32,3 por cento no final de novembro, de acordo com a pesquisa realizada pela Datanalisis e vista pela Reuters na terça-feira.
O dirigente do instituto, Luis-Vicente León, disse esta semana que o movimento "chavista", assim chamado numa referência ao antecessor de Maduro, Hugo Chávez, colheu frutos por ter passado ao ataque contra inimigos, distribuído recursos em distritos-chave e revivido a memória do popular ex-presidente durante a campanha.
No entanto, a coalizão Unidade Democrática, que agrupa todos os principais partidos da oposição, permanece na dianteira: são 55,6 por cento de intenções de voto para a oposição e 36,8 por cento para o governo, segundo a pesquisa.
"A incerteza principal não é se o chavismo ou a oposição vai ganhar, mas que tipo de maioria a oposição vai obter", acrescentou León em um artigo de opinião nesta semana, dizendo que a recuperação da popularidade de Maduro não iria afetar a eleição.
A oposição está se beneficiando da revolta dos venezuelanos com a maior inflação do mundo, a escassez generalizada de produtos e longas filas para comprar itens básicos.
A campanha do governo tem focado fortemente em acusações de que a oposição vai desmantelar as políticas de bem-estar social da era Chávez, enquanto a oposição tem criticado o governo por incompetência econômica e corrupção.
A pesquisa foi realizada entre 13 e 23 de novembro, logo após Maduro anunciar um aumento do salário mínimo de 15 por cento. Ainda assim, 81,3 por cento disseram que o reajuste não era suficiente para cobrir os aumentos de preços.
Pesquisas na Venezuela são notoriamente divergentes e controversas, mas o Datanalisis se tornou o instituto mais acompanhado por ambos os lados.